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Manaus em Longa Exposição

  • Writer: Max Cohen
    Max Cohen
  • Sep 21
  • 3 min read

Quando pensamos em Manaus, muitas vezes somos capturados pela força de sua natureza e pela intensidade de sua vida urbana. No entanto, a série Manaus em Longa Exposição nos convida a enxergar a cidade sob uma perspectiva inédita: a do tempo transformado em matéria poética. As imagens, todas em preto e branco, revelam não apenas monumentos e paisagens, mas também a memória e a pulsação de uma capital amazônica em constante diálogo entre o efêmero e o permanente.


Entre as obras, destaca-se a Ponte Rio Negro, imponente e silenciosa, convertida pela longa exposição em um traço quase etéreo, que une margens e simboliza a ligação entre modernidade e tradição. Na mesma linha, a Ponte do São Raimundo aparece envolta por águas suavizadas, num contraste delicado entre a engenharia e a fluidez do rio.



O olhar volta-se também para o Bairro de Aparecida, cujas ruas e construções guardam fragmentos da história popular manauara. Em longa exposição, esse espaço cotidiano adquire outra aura: torna-se cenário de permanência e, ao mesmo tempo, de fluxo invisível.


Do alto do mirante com vista para o Rio Negro, a cidade se abre em panoramas grandiosos. A técnica da longa exposição transforma as águas em superfícies espelhadas e as nuvens em traços de movimento contínuo. Nesse enquadramento, Manaus se revela entre o urbano e o natural: de um lado, a imponência arquitetônica; de outro, a vastidão do rio, sempre presente como horizonte e identidade. As fotografias desse mirante são um convite a contemplar a cidade em perspectiva, como se o olhar fosse elevado a um estado meditativo.



No coração da cidade, o Teatro Amazonas surge como ícone incontornável. Em preto e branco, o monumento ganha ainda mais dramaticidade: sua cúpula, colunas e frontão são realçados por contrastes fortes, revelando a imponência de um patrimônio cultural que transcende o tempo. A longa exposição amplia a sensação de permanência, tornando o Teatro não apenas um edifício, mas um símbolo da própria identidade manauara e da resistência da arte em meio à história.


Em outra obra, a Arena da Amazônia se apresenta como marco contemporâneo, revelando a magnitude da arquitetura moderna em diálogo com a floresta ao redor. Sua estrutura curvilínea, acentuada pela ausência de cores, ganha um aspecto quase escultórico, como se fosse um monumento erguido à modernidade no coração da selva. Já na fotografia feita acima da copa das árvores, a Amazônia se revela em sua vastidão orgânica: linhas de sombras e luz percorrem a floresta infinita, evocando tanto a grandeza quanto a fragilidade desse patrimônio natural. Ambas as imagens ampliam o horizonte da série, conectando a experiência urbana ao mistério da mata.



Por fim, as imagens de Cacau Pirera e de outras comunidades ribeirinhas resgatam a dimensão humana desse território. Ali, a vida cotidiana — barcos, trapiches, o vaivém do rio — é elevada à condição de obra de arte. A longa exposição transforma o movimento em suavidade, sublinhando o elo profundo entre as pessoas e as águas que definem sua existência.


A coleção, portanto, não é apenas um registro documental: é um gesto artístico que traduz Manaus em um tempo expandido, em que cada fotografia se torna ponte entre passado e presente, entre realidade e imaginação. Como fotógrafo, vejo aqui um convite para redescobrir a cidade, reconhecer sua potência estética e compreendê-la como cenário de criação e patrimônio cultural.


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